A QUEDA (1) poema de Adalberto Queiroz.
Desatando os nós que o sonho deixou
Do mais fundo vale ao mais doce jardim
Uma árvore frondosa no meio se plantou
E seu cimo vigoroso no céu dera seu fim.
A mente do rei a quem este sonho turbou
Em cinza obscuro ei-lo: Nabucodonosor
O cetro, destino e poder Daniel interpretou
Lá estava o orgulhoso soberano senhor
Da terra – árvore frondosa a ser esgarçado
Ei-lo: Nabucodonosor os magos confundidos
Se o sonho era seu ou égua noturna do inimigo
O rei da Babilônia de tanto poder infundido.
O santo vigilante que do céu desceu previu
- “Derrubai a árvore, desgalhai-a – menos o tronco”
Tampouco as raízes em ferro atadas; assim exigiu
A sentença inteira dura, pois, que ao rei destrona.
Mais ali se decreta: o Rei deve cair, rastejar submisso
Ali, diz o santo, pelo orgulho a mágoa do rei dá azo
A queda do penhasco, sem asas e em grande abismo
Tornar-se único de asas e penas e unhas – um asno...
Por sete tempos diversos o soberano há de passar
Do orvalho molhado e como bois e outros animais
Da erva nutrir-se; sem cetro sentir-se-ia o grande rei
Teu reino te foi arrebatado! – pastarás como bestas.
Tudo isso e mais aconteceu a Nabucodonosor
Eia! que aos povos, nações e pessoas além-mar
Desejo repetir que o milagre do Alto, sem dor
Saibam daqui sete noites o rei há de ressuscitar.
./.
Draft de poema para o livro em preparo, 2017.
0
Comments
No one has commented on this note yet